quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

HOMEM

Gosto de pensar que somos sobras vivas da memória do mar. Como se as ondas, ao baterem na praia, ao conversarem com as pedras, estivessem sempre a lembrar-nos desse fato. Ele nos sonha.

O mar como nosso lar ancestral. Gosto muito de observá-lo com certa ternura, certa cautela quando necessário. Às vezes, como um ventre materno; às vezes, como um ogro faminto.

A maré baixa está dizendo que ele nos quer de volta. Não nado ali, nessa situação. Aguardo a maré cheia e nado em paz, em certa comunhão.

O mar é das coisas do mundo que mais aprecio, por isso o respeito; não o temo.

Nossas relações sempre foram sem transtornos. É sábio conhecer a hora certa do encontro e do afastamento. O mar não divide a cama. A casa é dele, apenas nos tornamos visitantes ocasionais.