terça-feira, 3 de novembro de 2015


15 AFORISMOS

1. Na ação dramática, a mentira é sincera; no ardil, é fingida. Se, na primeira, ganha o público, no segundo, se perde o homem.

2. Omitir e mentir são os botões mais bem pregados nas relações pessoais.

3. Não gosto de Bach inteiro; não gosto de Vila-Lobos em sua totalidade; nem tudo de T. Jobim; nem tudo de Coltrane; nem também de M. Davis. Isso é muito bom; é o que me permite conhecer tantos e tantos outros.

4. Além dos mistérios, restam-nos a dúvida e a conjectura. Seguimos assim tateando pelos caminhos difusos de nossa curta e miserável existência, o que, portanto, até segunda ordem, nos justifica.

5. "Melhor é isto aqui". Ao escolhermos, perdemos todo o resto que poderia nos redimir.

6. "Tchau, a gente se vê". Esta é a forma mais amena e afável de desaparecer para nunca mais.

7. Era uma pessoa tão só que, ao sair, trancava-se por dentro e perdia chave e endereço.

8. A solteirona convicta perdeu a virgindade quando, vítima de lufada, viu-se só de calcinha em plena avenida. E seguiu em frente, com um indisfarçável risinho nas faces vermelhas.

9. Pleonasmo é encontrar o senhor virtuoso e impoluto no coração da zona.

10. Esqueça: quando se vir sem nenhum tostão, não vasculhe o chão sob os móveis da casa inteira, à procura de moedas e moedinhas. Olhe apenas para seus próprios pés, resignado, e conte as unhas. Geralmente, a conta fecha em dez; somadas às dez das mãos... Já é alguma coisa.

11. A Vida e a Morte: onde há caminhos e onde não há caminhos. Onde acontece e onde nada acontece.

12. Sei lá, mas, às vezes, acho que a depressão não passa de ansiedade cansada, impotente, de visão turva, que engendra horizontes estreitos e opacos. E, como é sabido, o mundo contemporâneo esmerou-se em gerar ansiedades em cada instante e esquina.

13. Disse um sábio juiz: "Fique tranquilo; você é culpado, mas não é causa. Só o acaso é causa. Seu castigo não será a inocência, mas, a ignorância permanente".

14. O prazer ao ler é uma magia que nos encanta para sempre. Não está nos livros, já estava aqui, conosco.

15. O célebre parlamentar, plagiário contumaz, certa vez justificou-se: "Se não fosse eu a assinar esse texto, ele não teria a repercussão que teve. Portanto, seu verdadeiro autor deveria agradecer-me - o que não fez - pois agreguei valor à matéria prima. Não me amolem.

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