domingo, 4 de novembro de 2007

A Bela Ingenuidade Humana

A fragilidade do realismo na representação - ficcional ou não - é ele esquecer que todo sentido ou significação é uma criação, uma construção, uma busca enfim. Numa imagem: uma gota de mercúrio numa lisa chapa de vidro; a vemos ali, sabemos de sua existência e, certos disso, a impossibilidade se estabelece: ao tentarmos pegá-la, a perdemos para sempre. O real é intangível. Contentemo-nos apenas com imaginá-lo e esqueçamos de sabê-lo. A imaginação já é nossa modesta, humana e única forma de conhecer. E o curioso é que parece nunca nos bastar. Institui-se então nossa limitada, instável e inviável condição humana. Não seríamos o que somos até agora sem a religião e a ciência. O que somos? Esqueça. Por isso o silêncio diante da grandeza do mistério do mundo é tão belo e sábio. Isto deveria nos bastar. Mas isto também não sei. Ainda bem.