sexta-feira, 1 de agosto de 2014


AH, A ESCOLA...


O professor vive numa “cultura” de seguir instruções, parar e repetir. Sequência que se repete indefinidamente até a aposentadoria. Não há sequência como observar, refletir, criticar e inventar. Sequência como essa não cabe no espaço escolar, que é um ambiente de tolhimento e coação, que se reproduz no processo de ensino e no comportamento dos alunos.

Por sobre tudo, o tacão da burocracia estatal, patológica e controladora, através dos órgãos centrais do sistema oficial de ensino, que a tudo tutela. Infelizmente, a atividade de pensar, em seu amplo sentido, não tem, na escola, um ambiente amigável.

Começa no controle do espaço e do tempo e se estende em inúmeros desdobramentos sutis. Ações sob domínio, passividade e impotência: a coordenação pedagógica não coordena e nem pedagógica é; o gestor não gere, afoga-se em papeladas; o professor segue apostilas pré-fabricadas. Pensar? Nem pensar! É medonho!

Uma escola assim deveria simplesmente desaparecer, porque mata aquilo que inventa, que faz nascer o homem. Começa e termina que estas mesmas considerações são, por si, enfadonhas. São como nada.

quarta-feira, 30 de julho de 2014


RUBI SOLENE

Onde está

O rubi da inocência

Roubado

De cada um?

Onde está?

Foi a noite adulta

A lhes desamparar e distrair?

A busca da beleza

Estará escondida sob um véu escuro

Que a memória sempre trai

Ali na frente?

Certo é que

Enfiado está o dedo

No formigueiro que há de mordê-los

Pelo quintal inteiro.

Então a infância olha a noite

Intestina

Que assim é e será

Sob todas as amoreiras

Que não mais lhes pertencem.

MIGALHAS

Nas festas,

Somos cada pouco

De todos.

No abandono das luzes,

Somos um estilhaço

De todas as ruínas noturnas

Numa única estrela.

Naquela estrela em que pereceremos.

Ah se não fôssemos

Um pecado de cada

Culpa.

E não mais que solidões engalanadas

No ponto

A esperar um ônibus errado.