sexta-feira, 8 de maio de 2009

INFLAMÁVEL

Foi só
Então,
Depois do sexto gole,
Que ele me disse:
Deixo-me ser
Pólvora
Para que
Um mero contragosto,
Desses que trazem
Lágrimas legíveis,
Se faça
Súbita chama.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O DESTINO DO VIVO OU MORTO


Reflexão nascida após a leitura da fala de um padre, León, personagem de Graham Greene em O Cônsul Honorário, que segue abaixo:

As perguntas feitas a um homem podem, por ele, ser esquecidas. Não importam. Importantes são aquelas que faz a si mesmo e para as quais não obtém respostas. Estas são as que lhe desenham o destino, para o qual ele é cegamente atirado.
Na busca de um sentido, ele tocará sua vida sem, entretanto, encontrá-lo. Morto então, os outros, que se interessaram por ele em vida, produzirão os mais variados sentidos à sua existência. Todos bafejados pelo hálito dos disparates.

Estranho? Não. O jogo é este mesmo. Aqui, o ganhador é aquele que não acerta e, por isso, segue seu caminho, indiferente à chuva que sobre ele cai em todas as ocasiões nas quais se vê, desprotegido, diante do espelho outonal.

- Nunca encontrei um homem simples. Sequer no confessionário, embora ali me sentasse durante horas. O homem não foi criado com simplicidade. Quando era um jovem padre, tentava esclarecer os motivos de um homem ou de uma mulher, suas tentações e ilusões pessoais. Mas cedo aprendi a renunciar a isso, porque não havia resposta certa. Ninguém era bastante simples a ponto de eu o compreender. No fim, eu me limitava a dizer: "Três padre-nossos, três ave-marias. Vá em paz". GG