quarta-feira, 28 de outubro de 2015


UM TRAÇO

Tirou da gaveta
As mãos,
Tirou dos pés
As unhas.
Sabia que o corpo
Nunca foi de si.
Longe dos gatos matreiros,
Das corujas insones,
Via as flores noturnas
Resistindo às primaveras
E adormeceu.
Eliminou de mim
As pessoas e pensou:
Os sonhos são
Assuntos das pedras
Mais lindas.

SIM

É como se eu
Estivesse aqui.
É como se ali
Fosse aqui
Ainda que a Lua
Fosse escura
E o Sol dormisse
Depois do almoço,
Seria como se não fosse.
Alisaria o lençol,
Afofaria o travesseiro
Para o todo e sempre
E jamais dormiria.
O arroz queimaria
E eu não saberia
Quem sou
Nos meus labirintos
Dos jardins que não tenho.