sexta-feira, 11 de novembro de 2011

DIZER

Não sei, nunca vi.
Bem, Nem é um nome
E tanto.
Em cana,
É ninguém de lá
Ou alguém de cá.
Também seria
Alguém de lá
E ninguém de cá.
Hum...
Nos entrebelouça de tanta vontade
De nada falar.
É.
Não, não é.
Fosse talvez.
Quem sabe?
ALÍVIO

Sabe que de saber
Nada no mar das coisas.
Ela me Disse

A fome corta, na língua,
As suas carnes.

Os lábios movem, na água,
Sussurros nos próprios ouvidos.

Os dedos se quebram,
Na fúria de matar,
Com a linha,
A vulva da agulha.

Os ventres, frágeis de vigor,
Avançam arrepiados,
Desdobrando as ventanias
Das madrugadas mal agradecidas.

O homem se repousa sobre um catre,
Na farinha da mesmice.

Só, se sufoca no silêncio de ouvir-se.
Mas...
Deita-te a seu lado;
A esperança ainda
Não vazou-lhe pelo furo do bolso.

Eu te disse e repito:
A vida é final.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SAMBA-CANÇÃO

Disseram-me (ela me disse):
Escreva um poema de amor.

O que as músicas apaixonadas nos fazem?
Apaixonarmos também.
Por quem?
Um ente, um pássaro, um piano, um prego?
Talvez.

Mãos tocadas, sem braços,
Apartadas do apêndice humano.
Dedos apenas.
Os que já se despedem.

A música continua, a paixão não.
Levantamos as bundas do sofá,
Copos na mãos e a sombra do vinho
No silêncio das garrafas.

Assim mesmo:
Os dorsos curvos no tanque,
Esfregamos a camisa e a saia.
Um corpo de cada vez. Cada um em seu lugar.
Manchados de batom e dissolução
Da noite prostituída.
A luz roubada nas manhãs dessas vidas
Para sempre condenadas.

Os beijos beijados há muito
A casa deixaram.



COISA DO SILÊNCIO

O que uma pedra é?
Ela é humildade para sempre,
Esculpida pelo vazio do tempo,
Recolhida num silêncio mais iluminado.

O silêncio que nos afoga no mistério
Do tempo longo, muito longo.
Enterrem-me, quando for,
Com as pedras mais distraídas.
Até que também me petrifiquem.