SÍRIA
Vamos ao perigo. Vamos partir de uma idéia geral (poderia ser qualquer outra): o ser humano não vale nada. Não se trata aqui de concordar ou discordar. É o único trem, por ora, disponível. O próximo, provavelmente, só daqui a três séculos, se séculos houver.
Assim, lá dentro, durante a interminável viagem, temos de conviver de qualquer modo. Nossa experiência diz que o procedimento habitual é nos matarmos com regularidade, por motivos variados. E como sempre sobram alguns vivos que se multiplicam, vamos nos matar mais um pouco, até que sobrem mais alguns mais, que, por sua vez, se matarão, até que sobrem mais alguns mais. E assim por diante. Pelos motivos os mais variados.
Ocorre que está havendo um sério problema: mesmo nos matando, sobram mais e mais vivos. Crescem em número. O que fazer? Nos matarmos mais? Até quando? Sempre, ora! O certo é que sobrarem vivos não pode; faltarem muito menos.
A resposta está na competente gestão da morte. Por que não pensaram nisso antes? O mundo corporativo está aí pra isso mesmo.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
HOJE
Quando você abre a porta,
Não sei por quê,
As moscas invadem e nada dizem.
Quando você abre a porta,
Eu abro a boca.
Sei, mas não sei dizer.
Se for eu a abrir,
Não sei, Você...
A porta ali,
As moscas aqui.
E o dia? O que dizer da luz?
Quando você abre a porta,
Encolho a voz e digo:
Não me dê a mão.
Na vez seguinte, já sei:
Prefiro não.
E você abre a porta, meu deus!
Prefiro não.
Não sei se você sabe,
Mas, hoje, nem padeiro,
Nem leiteiro,
Nem você,
Ninguém.
Não passaram.
Não.
Quando você abre a porta,
Não sei por quê,
As moscas invadem e nada dizem.
Quando você abre a porta,
Eu abro a boca.
Sei, mas não sei dizer.
Se for eu a abrir,
Não sei, Você...
A porta ali,
As moscas aqui.
E o dia? O que dizer da luz?
Quando você abre a porta,
Encolho a voz e digo:
Não me dê a mão.
Na vez seguinte, já sei:
Prefiro não.
E você abre a porta, meu deus!
Prefiro não.
Não sei se você sabe,
Mas, hoje, nem padeiro,
Nem leiteiro,
Nem você,
Ninguém.
Não passaram.
Não.
AGORA
a Josefina
De tudo isso, não sabemos o que tudo é.
A água banha.
A farinha embola.
O pé pisa.
Os dedos tocam.
O olhar divaga.
Cansa o cansaço.
O calor esquenta.
O frio esfria.
A beleza de tudo entumece.
A feiúra estraga.
Empurramos, empurramos.
De tudo isso, não sabemos o que tudo é.
A sacola, do braço ao ombro.
O sol e a ensolação.
Empurramos, empurramos.
Até que uma sombra nos abraça.
Uma brisa, um consolo, um outro.
Mas,
De tudo isso, resta, sim, um não.
Ou de qualquer forma for, um sim.
a Josefina
De tudo isso, não sabemos o que tudo é.
A água banha.
A farinha embola.
O pé pisa.
Os dedos tocam.
O olhar divaga.
Cansa o cansaço.
O calor esquenta.
O frio esfria.
A beleza de tudo entumece.
A feiúra estraga.
Empurramos, empurramos.
De tudo isso, não sabemos o que tudo é.
A sacola, do braço ao ombro.
O sol e a ensolação.
Empurramos, empurramos.
Até que uma sombra nos abraça.
Uma brisa, um consolo, um outro.
Mas,
De tudo isso, resta, sim, um não.
Ou de qualquer forma for, um sim.
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