ABSTINÊNCIA
Um organismo que, por 40 anos, foi alimentado, de hora em hora, por nicotina, ao se ver, subitamente, privado dela, adoece. Parar de fumar é deixar-se adoecer. Este organismo, assim sem nicotina, não é semelhante a outro virgem dela. Custa tempo e dor a desintoxicação. Somente quando a pessoa esquece, de fato, que não fumou há dias, meses, é que pode considerar-se não-usuária; porque dependente será até o fim de seus dias. A dependência é incurável em qualquer caso. O não-uso segue sendo um martírio. Não há glória nem graça nenhuma nessa experiência, de resto, vivenciada por tantos infelizes, todos os dias, em todos os lugares. Comemorar o quê? Melhor é nunca ter começado e, nesse caso, não há festejo. Não há festas para o inexistente.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
CITAÇÃO
"Vocês, habitantes da cidade, vocês não sabem o que é o rio. Mas ouçam um pescador pronunciar essa palavra. Para ele é coisa misteriosa, profunda, desconhecida, o território das miragens e dos fantasmas, onde vemos, de noite, coisas que não existem, ouvimos ruídos que não conhecemos, tememos sem saber por quê, como atravessar um cemitério: e na verdade é o mais sinistro dos cemitérios, aquele onde não existe túmulo. Para o pescador, a terra é delimitada; e no escuro, quando não há lua, o rio é infinito. Um marinheiro não sente a mesma coisa com relação ao mar. O mar é quase sempre duro e perigoso, é verdade, mas ele grita, esbraveja, ele é leal, o grande mar; ao passo que o rio é silencioso e traiçoeiro. Não ruge, corre sempre sem ruído, e para mim esse eterno movimento da água correndo é mais assustador do que os vagalhões do oceano". em "Sobre a Água" de Guy de Maupassant.
Para quem esteve numa noite como essa, próximo a um rio como esse, e foi aí criança, é fácil perceber sua beleza.
"Vocês, habitantes da cidade, vocês não sabem o que é o rio. Mas ouçam um pescador pronunciar essa palavra. Para ele é coisa misteriosa, profunda, desconhecida, o território das miragens e dos fantasmas, onde vemos, de noite, coisas que não existem, ouvimos ruídos que não conhecemos, tememos sem saber por quê, como atravessar um cemitério: e na verdade é o mais sinistro dos cemitérios, aquele onde não existe túmulo. Para o pescador, a terra é delimitada; e no escuro, quando não há lua, o rio é infinito. Um marinheiro não sente a mesma coisa com relação ao mar. O mar é quase sempre duro e perigoso, é verdade, mas ele grita, esbraveja, ele é leal, o grande mar; ao passo que o rio é silencioso e traiçoeiro. Não ruge, corre sempre sem ruído, e para mim esse eterno movimento da água correndo é mais assustador do que os vagalhões do oceano". em "Sobre a Água" de Guy de Maupassant.
Para quem esteve numa noite como essa, próximo a um rio como esse, e foi aí criança, é fácil perceber sua beleza.
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