CONGESTIONAMENTO
Nesses dias, as pessoas
são perguntadas, a toda hora, sobre o que pensam das manifestações protestantes
e de fúria que ocorrem por todo o país. Não escapei dessas indagações, até
porque brasileiros e estrangeiros estão meio desnorteados e trocar palavras
pode ajudar ou criar desentendimentos. Falar não custa nada; às vezes só
aborrece e entedia.
Faço uma analogia que
pode ou não ser feliz: ir para as ruas e protestar, como o fazem, é como
buzinar em engarrafamentos. As buzinas são as manifestações propriamente ditas;
os engarrafamentos são a vida sofrida das pessoas, vitimadas pelas sucessivas
farsas e fraudes que os poderes públicos cometem todo dia em conluio com
poderosos setores privados.
As buzinas avisam, aos
berros, que algo está errado, que as coisas não podem continuar como estão, mas
não fazem o trânsito andar. Ferem os tímpanos de quem é apenas pedestre ou está
por perto, tal como é incomodada a maioria da população dos grandes centros
urbanos que quer voltar pra casa, ir para o trabalho ou locomover-se por
qualquer motivo. Assim é que essas
manifestações horizontais com “infinitas” e vagas reivindicações, por si, não
levarão a lugar nenhum sem que sejam acompanhadas de propostas claras e
exequíveis. E devem ser cobradas sem tréguas.
Os vândalos e ladrões
das manifestações são os mesmos que assaltam motoristas nos congestionamentos
de rotina e realizam arrastões criminosos. Apenas se aproveitam. A polícia
repressiva é o braço violento do poder público safado e despreparado que temos,
de ponta a ponta. Em suma, a analogia é essa. A continuarem, dia sim e dia não
também, as buzinas vão cansar, frustrar e podem levar a pântanos escuros
forrados de crocodilos.
A.
R. Falcão - junho de
2013