SOLITUDE
Como ter a
comida
E não ter a
boca;
Ter o afeto
E não ter o
outro;
Como ter as
mãos
E não ter as
outras;
Ter os olhos
E compadecer-se
com a noite escura;
Como ter a voz
E a palavra
ausente;
Ter a fadiga
E não ter o
sono;
Como ter o
silêncio
E resignar-se
no alvoroço;
Ter a água
E não ter a
sede;
Como no espelho
opaco,
Adormecer e
jamais sonhar.
Como um
não-despertar,
Um nunca
revelar-se.