segunda-feira, 26 de maio de 2014







TORNEIRA PINGANDO

 

Salvar o quê?!

O que é uma coisa lamentável

Entre tantas outras?

O que é um segredo entre tantos

Ciúmes que uma maçaneta guarda?

A janela que abre

E a janela que fecha na cara

De seu binóculo.

A carta. O carteiro e a humanidade.

Melhor acordar sobre o pão de hoje,

O café

E a miséria de suas mãos

Que acenam para um ônibus

Que o velará, se levar

Para o abraço de seu salário.

Durma. Guarde o revólver e a dor.

O amor não.

(As almas fazem festas sem o convidar)

Porque o amor ouve o jasmim crescer

E vê a lua trocar a lâmpada.

Storm Art Print
Advertência

 

Numa praia,

Um dia,

Uma pedra lavada e solene me confiou:

“Ouça com atenção

O rumor dessas sucessivas ondas.

Elas estão a lhes dizer

Que só a Arte salva,

Redime.

O resto é erro, desastre,

É ruína.

Nem a ínfima formiga

Estenderá o bracinho

Para os resgatar

Do mar amuado

Que os engolirá.

Sobrará apenas o silêncio eterno

Sobre todos os seus desatinos.

Agora, vá dormir e sonhar em outro lugar”.