sábado, 29 de dezembro de 2007

Brinde: "O Segundo Dia" de Manoel de Barros

Não oblitero moscas com palavras.
Uma espécie de canto me ocasiona.
Respeito as oralidades.
Eu escrevo o rumor das palavras.
Não sou sandeu de gramáticas.
Só sei o nada aumentado.
Eu sou culpado de mim.
Vou nunca mais ter nascido em agosto.
No chão de minha voz tem um outono.
Sobre meu rosto vem dormir a noite.

Em O Livro das Ignorãças
Rio de Janeiro: Civilização Brasileiro, 1993

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