sexta-feira, 17 de abril de 2009

IMOBILIDADES

Há cento e vinte horas, encontro-me, no mesmo horário, com um clipe sobre a calçada, em meu trajeto para o trabalho. Cem metros adiante, também revejo uma embalagem de cigarros no mesmo lugar, impassível. Um pouco mais à frente, restos do que foi uma pousada de morador de rua. Há cento e vinte horas.

Há carros que me encontram no mesmo ponto da caminhada. São os mesmos; dias limpos; certas vezes sujos. Uma senhora aguarda o sinal verde para a travessia da avenida. Vejo-a, ela não me vê - contento-me em observar as mudanças em seu figurino e penteado. Há bem mais tempo. Há também os varredores de calçada que se alternam, mas estão sempre nos mesmos lugares quando passo.

É familiar; são humanos, pouco importam. É de se esperar. Estranhas são as coisas, que elas são moventes, vivas, dinâmicas. Por que se deixam contaminar?

Um comentário:

Cris disse...

"Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão"