quinta-feira, 13 de agosto de 2009

POR QUE NÃO SEI – ainda conversando com a irmã

“É preciso duas pessoas para fazer alguém, e uma para morrer. É assim que o mundo vai acabar”. William Faulkner

Suspeito que o autoconhecimento não tenha, como primado, a atividade de busca da pacificação e conforto íntimos, como apregoam certas práticas, mas a perseguição de uma convivência resignada (não covarde) com a dor existencial, que se dá por ser condição primeira para o existir em estado de cultura, em relacionamento permanente com o outro, com aquilo que ultrapassa o indivíduo, que é externo a ele. O homem com ciência de um lobo atropelado, um bem-te-vi de asa quebrada.

Difícil é estabelecer a fronteira entre o que lhe é interno (próprio) e, externo (impróprio); seu traço distintivo. Até que ponto o indivíduo já não é, em si, uma construção adaptativa ao outro? E, assim, ele seria sempre instável, em permanente processo e nunca algo dado, acabado, mas objeto de conhecimento para o qual há um sujeito também bruxuleante, num evento interminável e inconclusivo – a ação de conhecer. Sujeito e objeto como desdobramentos recíprocos ou reflexivos (especulares?), nascentes um do outro. Do contrário, aquele evento seria, desde sempre, fadado ao fracasso.

A existência (vida) como um oceano movente à beira da procela – quando aquela é ainda possível – supõe o envolvimento da trindade sujeito – ação (conhecimento) – objeto em constante desconcerto e ebulição, na prisão do tempo que se esvai. E há outra paisagem na qual estamos e dela somos constituintes?

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