terça-feira, 20 de março de 2012

FEVEREIRO E MARÇO

Três horas da manhã. Faltavam limões. Todas as calçadas e calcinhas estavam molhadas. Chovia nas solas. Dois abacates presenteados e muita fome. Uma mulher, quatro uísques e pouca literatura.

Não gostava mesmo da esquina depois da qual o piso se inclina e uma ladeira perversa se forma a turvar-lhe o horizonte, a moer-lhe o joelho esquerdo. Odiava que sua atenção se prendesse apenas aos pés e pernas. Era um homem de largas luas e aliterações obsessivas. Literatura vagabunda e estômago desorientado.

Cobriu o pijama com as roupas da cadeira. Olhou aquele corpo na cama, apagou as luzes, trancou a porta e se movimentou para os elevadores. Quase no térreo, viu: ainda portava um par de chinelos e um pé de meias furado. Voltar? Não, ir assim mesmo. Quem é que liga? Argh! Dois limões e uma ladeira. A passagem para março de um ano ainda interminável. Puta que pariu!

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