quinta-feira, 14 de junho de 2012

DE QUADROS E RIOS

Uma pintura, um desenho, à medida que o tempo passa, vão se tornando vestígios daqueles de nosso primeiro olhar. Mas há algo curioso: ali na parede, são sempre os mesmos - nós é que mudamos. A cada novo olhar, acomodam-se a nosso "novo" íntimo. De forma que, embora os mesmos, se transfiguram em corpos estranhos a pedir licença para entrar em nosso "aposento" pessoal. São "novos", porque são sempre os mesmos. Como os rios que nos tangenciam.

Bastante diferentes daqueles em que mergulhamos. Estes tomam posse de nós para sempre. Não ficam ali na parede. Já não pedem licença - a contrapartida por termos invadido suas águas. Destes, o meu foi o Jequiriçá no recôncavo baiano, de cujas águas nunca me desvencilhei, preso por um liame de felicidade que me fez um "arrastado" e nunca um falcão em voo livre nos céus das planícies.

maio de 2012

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