sexta-feira, 10 de agosto de 2007

CRIANÇAS

A Izolda

Não me diga,
Nem me faça.
No beco da noite escura,
Não se deixe.
Contemple,
Seu rosto não pinte.
As armas do crime,
Não entregue.
Cante nos dentes
Canções,
Sossegos de ontem,
E adormeça.
A morte penteia as vísceras
Na noite escura.
Um beco é a chave
De uma outra chave.
Caminhe por ele e tome
Pra si
O vento frio,
Tão seu no calor íntimo
De seus bolsos vazios.
A voz cala a pesar.
Não entregue,
Nem distribua nada.
O que nada tem.
Procure a morte naquilo
Ali que nada em suas mãos quentes.
Sua vida, encontrá-la. Está também ali.
Nós somos assim:
Deuses,
Águas dos rodos
Empurrados pelas
Crianças.
Elas grafitam o mundo
E dispensam passado
Num futuro há muito esquecido.
Deuses morrem
Num sempre e vão começo,
Uma calçada molhada pelo tempo.

Agosto 2007
A. R. Falcão

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