quarta-feira, 12 de agosto de 2009

DA SÉRIE: "É..."

"É um dos atos mais naturais e simples, tanto quanto respirar ou caminhar ereto. Nós nos sentamos à mesa, pegamos um garfo e nos deliciamos com uma porção de comida saborosa, sem darmos atenção a todas as ramificações globais que se cruzam em nosso prato. Num jantar hoje, poderíamos comer carne da Argentina, acompanhada por vinho da África do Sul; o azeite vem da Sicília; a água mineral, da França; o arroz, da Tailândia. A sociedade moderna nos poupou do fardo de cultivar, colher e preparar o pão de cada dia [os urbícolas], em troca de apenas pagar por ele. Só quando os preços sobem é que nos damos conta disso. E as consequências de nossa falta de atenção são profundas ".

Por Joel K. Bourne, Jr. para National Geographic Magazine

Já alertavam os juristas americanos, Samuel Warren e Louis Brandeis, em 1890: "O que foi sussurrado nos quartos será proclamado nos telhados". E Scott McNealy, cofundador da Sun Microsystems, sentencia: "Sua privacidade já é zero. Pare de sofrer com isso".

"(...) Sob certo aspecto, essa revolução digital nos mergulhou em um estado de contínua atenção parcial. Estamos permanentemente ocupados, acompanhando tudo. Não nos focamos em nada. A atenção parcial contínua é diferente da multitarefa, na qual temos um propósito para cada uma das ações paralelas e tentamos melhorar nossa eficiência e produtividade. Quando prestamos atenção parcial continuamente, colocamos nosso cérebro num estágio mais elevado de 'stress'. Ficamos sem tempo para refletir, contemplar ou tomar decisões ponderadas. As pessoas passam a existir num ritmo de crise constante, em alerta permanente, sedentos de um novo contato ou um novo 'bit' de informação".

De Gary Small, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia.

"Em um feriado prolongado em maio de 2008, por exemplo, 80 mil turistas invadiram a cidade [Veneza] como os gafanhotos das sete pragas do Egito. Em Mestre, na parte continental do município onde os visitantes deixam o carro e pegam o ônibus ou trem para o centro histórico, os estacionamentos lotaram. A multidão que conseguiu entrar em Veneza irrompeu pelas ruas como um cardume de enchovas, devorando pizza e gelato e deixando uma esteira de papéis e garrafas de plástico".

De Cathy Newman para National Geographic Magazine.

Para esta série, não farei comentários. Nem precisa.

Um comentário:

Cosmunicando disse...

olá Falcão,
estou visitando e lendo teu blog pela primeira vez, gostando de tudo, dos textos às poesias.
vim através do ru, que me falou de você e da amizade antiga.
parei aqui neste post especialmente porque ele cutuca minhas reflexões a respeito da sustentabilidade das coisas, e da insana quantidade de informação a que ficamos submetidos na era digital...
abraços,
mê.