CADA QUAL CADA QUAL
Fobia, cara! O tio que guiava o busão era um motoristo. Um safado otário. A cobradora era cobrador, cara de bueiro. Tinha uma mina que é ligeira, não é de ferver banco, desce logo. Todo dia. Tá na minha mira. Mole! Tinha outro. Fácil, véio. Esse eu não conhecia.
Sou motorista. Parei, subiu um maloqueiro, figurinha manjada, aqui das quebrada. Sei dele por um colega da garagem. Em carro meu, nunca aconteceu. Paga direitinho e desce sempre no final. Qualquer dia... vai saber.
Sou cobrador. Entrou um cabra nojento, desses que a gente vê na televisão; desses que se arrepende e vem pra nossa igreja. Na minha comunidade, tá cheio. Ficou ali na parte da frente, nos banco de deficiente. Meti a chave na gaveta. Fingi de morto.
Sou sacoleiro. Entrou um passageiro: boné, bermuda, camiseta e chinelão. O tipo. Moleque, tranquera, bandidinho de merda. Fiquei no medo. Tava com a bolsa cheia.
Sou enfermeira. Sorte minha que essa foi a última vez. Me recupero e adeus periferia. Nunca mais piso nessas condução.
Sou sorveteiro. O ônibus passou a mil, nem parou no ponto. Tá vendo ali? Só ouvi o barulho. Não vi nada não, tava muito escuro. O senhor sabe se morreu alguém? Ninguém?! A vida tem cada uma! Só o que não muda não muda.
Salvador, julho de 2011
Fobia, cara! O tio que guiava o busão era um motoristo. Um safado otário. A cobradora era cobrador, cara de bueiro. Tinha uma mina que é ligeira, não é de ferver banco, desce logo. Todo dia. Tá na minha mira. Mole! Tinha outro. Fácil, véio. Esse eu não conhecia.
Sou motorista. Parei, subiu um maloqueiro, figurinha manjada, aqui das quebrada. Sei dele por um colega da garagem. Em carro meu, nunca aconteceu. Paga direitinho e desce sempre no final. Qualquer dia... vai saber.
Sou cobrador. Entrou um cabra nojento, desses que a gente vê na televisão; desses que se arrepende e vem pra nossa igreja. Na minha comunidade, tá cheio. Ficou ali na parte da frente, nos banco de deficiente. Meti a chave na gaveta. Fingi de morto.
Sou sacoleiro. Entrou um passageiro: boné, bermuda, camiseta e chinelão. O tipo. Moleque, tranquera, bandidinho de merda. Fiquei no medo. Tava com a bolsa cheia.
Sou enfermeira. Sorte minha que essa foi a última vez. Me recupero e adeus periferia. Nunca mais piso nessas condução.
Sou sorveteiro. O ônibus passou a mil, nem parou no ponto. Tá vendo ali? Só ouvi o barulho. Não vi nada não, tava muito escuro. O senhor sabe se morreu alguém? Ninguém?! A vida tem cada uma! Só o que não muda não muda.
Salvador, julho de 2011
Um comentário:
Muito bom ! Belissímo, sublime mesmo ! Vê-se ou entra-se em cada uma das pessoas ddali, facilmente.
Tenho lido os outros todos, e gostado igulamente.
Parabens !
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