CONTRAPELO
Quando
As fitas deslaçadas dos presentes
Embaraçam os dedos gordurosos de Natal:
Dizem tanto, por aqui, sem dizer.
Nos encanamentos mais íntimos,
Atravessam, afinados, tantos anos,
Os soluços mais escuros,
As noites escondidas,
As alegrias catraquentas
Mergulhadas nos caldos mais quentes
E as manhãs sequentes,
Geladas, das geladeiras roubadas.
Os afetos de ontem. Do chão.
As noites vãs
Em que dizer é só dizer.
Do trapézio para o mais dentro,
Num mergulho sobre a suja pia.
De mal lavada, a pior das praias: pedra sobre pedra.
O amor mendigado em ciscos,
Escapado em solas de sapatos
De outra noite,
Da qual nem mais lembramos,
Por mais, por mais quê.
Quem há de?
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
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