MIGALHAS,
CISCOS E PÓ
Nessa
madrugada, a solidão do galo cujos cantos não receberam respostas.
O
descaminho da formiguinha que se perdeu da linha viva de suas parceiras.
Os
destinos da lima e da banana que, recusadas, vão apodrecer únicas nos cantos
das gôndolas.
O
endereço do dente de leite que se perdeu nos ínfimos recônditos do chão.
A
carta de amor nunca enviada que a mocinha esqueceu no ponto de ônibus.
O
lençol branco com monogramas exclusivos, no quarto reservado pelos nubentes que
despencaram do céu na noite de ontem.
O
falso documento de identidade de um tal Josias dos Santos, esquecido no banco
da praça.
A
última palavra escrita com aquela caneta, atirada ao piso da avenida central.
O
passageiro que desapareceu no aeroporto, sem ter nunca chegado ou partido.
Um
quarto de dicionário que retinha a atenção do mendigo à sombra do oiti.
O
telefonema que, nesse instante, me recusei a atender.
SALVADOR
– JULHO DE 2013
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