segunda-feira, 6 de maio de 2013


SOLITUDE

 

Como ter a comida

E não ter a boca;

Ter o afeto

E não ter o outro;

Como ter as mãos

E não ter as outras;

Ter os olhos

E compadecer-se com a noite escura;

Como ter a voz

E a palavra ausente;

Ter a fadiga

E não ter o sono;

Como ter o silêncio

E resignar-se no alvoroço;

Ter a água

E não ter a sede;

Como no espelho opaco,

Adormecer e jamais sonhar.

Como um não-despertar,

Um nunca revelar-se.

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