quinta-feira, 24 de abril de 2014


CRIPTOGRAFADO 

“Como tem sido triste a vida nesses anos todos”.

Eleanor Marx (a filha - bilhete de suicídio)

 
Há um momento na vida,

Muito cedo ainda,

De difícil determinação,

Em que nos autocriptografamos.

Depois,

Jogamos a senha ao mar.

 

Sob esquecimento,

Tantas coisas brigam:

As fechaduras que se quebram,

As chaves que se perdem.

Pior ainda:

Trava o ombro que, maestro,

Rege os varais das roupas brancas

Com que me não enterram.

Na madrugada,

Amanteigo o pão

Que me jogará às capivaras

Fedendo que fedem

Ao longo de todas as manhãs,

Nesses anos em que o Brasil

Afunda no escuro do escuro.

Retroverso, sorridente.

Falcão – abril de 2014

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