terça-feira, 23 de setembro de 2014


ÉPICA

 

H. ROUSSEAU
A opulência de meus mínimos

Dedilham as águas

Do oceano Pacífico.

Avarento, como a fome

Das selvas amazônicas.

Falo de silêncio

Com os segredos das castanhas do Pará.

Escrevo no branco do pão dormido.

Meus olhos afogam a dor

Das onças pintadas que morrem

Por aí, por aqui, nos zoológicos europeus.

Invento um mundo onde formigas

Trocam confidências com deuses

Nos castelos dos botões descosturados

Onde durmo meus sonhos

Mais apaixonados.

No mar das manhãs escurecidas,

No buraco das agulhas,

Nas retinas grelhadas,

No terceiro dedão dos pés descalçados.

Nenhum comentário: