ÉPICA
H. ROUSSEAU
A opulência de meus mínimos
Dedilham as águas
Do oceano Pacífico.
Avarento, como a fome
Das selvas amazônicas.
Falo de silêncio
Com os segredos das castanhas do Pará.
Escrevo no branco do pão dormido.
Meus olhos afogam a dor
Das onças pintadas que morrem
Por aí, por aqui, nos zoológicos europeus.
Invento um mundo onde formigas
Trocam confidências com deuses
Nos castelos dos botões descosturados
Onde durmo meus sonhos
Mais apaixonados.
No mar das manhãs escurecidas,
No buraco das agulhas,
Nas retinas grelhadas,
No terceiro dedão dos pés descalçados.
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