terça-feira, 23 de setembro de 2014


O ENDEREÇO

 

O amor, onde ele está?

Sem culpa, sem merecimento.

Sem o véu abstrato

Que me fará nu

Onde não sou, não estou.

Onde, enfim, não sei;

Onde mastigo uma vaga

Farinha de memórias

Não-minhas.

Sei, não sou. O amor?

Onde ele está?

Nos fios da vassoura, no tapete,

Na pá de lixo, no silêncio dos corredores?

No arrepio de frio? Na meia furada?

No escuro da lâmpada queimada?

No diamante que se perdeu?

Num ralo de pia?

Onde ele não está no espelho?

Não tenho e não quero

O que não devo tomar

Pelas mãos, pés e peito bruto.

O amor? Onde ele está?

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