terça-feira, 30 de setembro de 2014


O INCONTORNÁVEL

 


Nos confins

Do em-comigo,

A escuridão é o silêncio da luz

E, nos meus remotos labirintos,

O silêncio é a escuridão dos sons indesejados;

Os bolsos, cofres das minhas trêmulas mãos

E as casas e botões da camisa

As janelas de minha pele envelhecida.

Guardo o tempo

Num relicário bordado em fios de fina seda

Pelos dias iluminados

Dos distantes banhos de rio da infância.

Hoje, amanheço contra os lençóis,

Inimigo da cidade,

Avesso às vozes redundantes e vazias,

Trucidado nas ruas envenenadas,

Na ira das passadas.

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