segunda-feira, 27 de outubro de 2014


F. Bacon
BEM PESADO

 
No bico do corvo,

Cozinho um galo velho.

No lençol esticado,

Do catre que me aguarda,

Um ramo de arruda.

Alguém que não me conhece

O depositou

Na noite que se anuncia.

Não vou precisar mais,

As cortinas estão cerradas,

Já levaram meus pijamas,

Tudo.

Arrumaram meus restos.

Da última poltrona, ainda vejo, pela fresta,

Uma criança e sua mãe.

Elas vão partir,

Mas vou ficar definitivamente

Até que a noite se estabeleça

De fato, em chumbo nada.

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