Seis besouros no bolso,
Um canivete,
Um bilboquê no ombro
E está condensada a infância
Daquele homem morto ali.
Um espelho pequeno,
Um batom, uma pinça
E uma escova de cabelos na bolsinha cor-de-rosa.
Está compactada a possível sedução
Daquela mulher estirada ali.
Os dois nunca trocaram palavras,
Mas permutaram olhares,
Em promessa vã,
Naquela parada de ônibus,
Naquela tarde vazia de domingo.
Ninguém esperava o brusco fim de tudo,
Esperava o traslado, esperava o afago,
O conforto da sopa quente e o amor do nunca.
O atropelamento faz, da morte,
O desvelo sinistro do acaso permanente.
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