No Cazaquistão,
Numa moradia improvável,
A tinta se soltava aos pedaços
Naquele batente da porta
(Não existem portas)
Que nunca se abre
Em dias pares.
Nos momentos ímpares,
Veem-se, pelo vão,
Pernas, muletas, trapos
E o odor fétido de dias difíceis.
Os invasores sabem que, ali,
O móvel é imóvel,
O claro, escuro.
O vidente, uma podre digestão
E as palavras são interditas.
Presenciam, no espelho de ser,
A torneira que pinga em si,
A poeira e as caspas dos panos
Que, sobre os ombros,
Encobrem o que não querem
Ver e viver.
Mas vão.
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