DOMÍNIO
As
redes sociais já correm o sério risco de se tornarem, se não são desde o
surgimento, a forma digital encontrada pelos idiotas, para disfarçar seu vazio
e sua burrice na infinita extensão da web (coitada da avenida Paulista).
Realizam seu exibicionismo, tido como festejo democrático, a partir delas.
Têm-se na conta de um bem eletrônico, moderno, universal, movido a bateria e a obsolescência programada. Escravos da Apple e da Microsoft que, por
sua vez, fazem uso da mão de obra servil no Extremo Oriente.
Reproduzem-se
com figurino covarde, engordando-se no anonimato, a espalhar maus-tratos
segundo a cor de sua patologia. O desastre está servido, basta sentar à mesa.
Porém, as redes sociais são mais que isso; às vezes, algo bem melhor. Vai
depender de quem delas faz uso; como facas, paus e pedras que têm e terão
sempre serventias deletérias e letais. Os cretinos e o crime não saem de cena.
Não dá para discordar. Acontece que as redes sociais pagam alto preço à
vacuidade, à superficialidade e, ironia suprema, à desinformação. É a cultura
do panfleto e das palavras de ordem. Os idiotas não leem, não sabem, deitam a
vista sobre telas prontas; não escrevem, não sabem, motivo pelo qual as teclas de suas maquininhas são diminutas,
quase invisíveis.
Muitos
de seus entusiastas e manifestantes são de uma ignorância alarmante; não sabem
o que é uma grande-angular, que lhes falta horizonte além do próprio umbigo e
dos festins ideológicos de sua tribo, o pertencimento atávico. O espalhafato
inconsistente faz as vezes do lastro sólido de quem, há muito, se debruça sobre
o velho e insubstituível livro ("Lembra? Aquele".) em casa ou nas
abandonadas bibliotecas públicas. As raras, particulares passam bem, obrigado.
O mundo lhes vem sempre pronto - homens Google. Entre tantas coisas
incompreensíveis, o uso insistente do espaço público (coitada da avenida
Paulista) me escapa. Sua ágora é a tela do smartphone, dos aparelhos de vídeo e
rádio, agora todos com a peste da interatividade e da conectividade compulsivas
- os burros são tagarelas e gregários por natureza, precisam de barulho, daí o
uso preferencial de rojões (coitados dos passarinhos, cães, gatos...); a poesia
das imagens no céu, dos fogos de artifício, lhes escapa. Não falam, gritam;
seus ruídos já os ensurdeceram.
Bem, eles levam muitas vantagens: não se acaba
com eles; a sustentabilidade é seu modo de vida; são onipresentes, constantes e
preguiçosos. Copistas, não criam; encostam como ímã de geladeira. A tecnologia
lhes vem a calhar e a multidão é seu perfumado lençol de seda.
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