quarta-feira, 23 de novembro de 2016


ENGOLE, É MOLE


Todos os dias, acordar contrariado, arrumar, defecar, banhar-se, barbear-se, vestir-se, pentear-se, comer, beber, limpar, pegar coisas, apagar luzes, fechar a porta, sair, andar, esperar, tomar a condução pública, espremer-se, sair, andar e chegar. Submeter-se às oito horas de obrigações repetitivas e aborrecidas, entre os “bons-dias e até-amanhãs”, plastificando, ofertando sorrisos e mesuras, consumindo migalhas de vida e morrendo aos poucos, “... a mais sórdida e mais miserável das condições: a do homem que trabalha” (A. Camus), para, na sexta, embebedar-se com as mesmas pessoas que provam do mesmo fel. “ Um rosto que padece tão perto das pedras já é pedra ele próprio” (idem).

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