ABELONHO
Até que tentaram,
Mas o apelido não pegou:
"Dois em um" era falso,
Homem não engravida ou
Faltava a genitora.
"Três em um" era melhor:
Dois homens e uma mulher,
Abel, Tonhão, Zizi
E o filho, Abelonho.
O verdadeiro pai? Quem?
Os dois saíram pra comprar
O que todos já sabiam: cigarros.
Ela, grávida, sem saber de qual
Dos quais.
Sem saber o paradeiro algum
De nenhum.
Muito menos o filho ora crescido.
De paternidade incerta, desaparecida
Para sempre.
Passou assim a ser o rico rapaz
De duplo ascendência, sem registro,
Sem irmã ou irmão, órfão e indiferente.
Lá, no sertão baiano, dele dizem:
"Gente muito gente".
Ter dois pais é riqueza
E mãe é sempre santa.
Ter dois pais é riqueza
E mãe é sempre santa.
A. R. Falcão - novembro de 16
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