NÃO SEI DE NADA
Em vez do
branco do papel,
Começo pelo
preto
Da caneta.
Chegar aonde?
No branco e
no preto.
No branco da
palavra e no preto da noite escura.
No inferno.
Onde está,
então, o além? A transcendência?
Nas asas de
quais pássaros?
De que galho
destruído por um ônibus
Ou por mim
mesmo que,
Brigando por
uma sombra,
Acendi outra
e mais outra labareda?
O cigarro de
minha impotência:
A guimba e
minhas lágrimas insanas.
Em vez de
branco, que deuses não me deram lugar?
As angústias
de dormir hoje,
Se, há
muito, nem eram de ontem.
Sei como
cuspir. O sol não me perguntou,
Não é o
caso; o sol é pobre, a estrela só
Que descasca
os ovos.
Que deixe
então os pintinhos e as abóboras
Se
espalharem pelos quintais quando o dia amanhece.
Se a vida é
sagrada, sou ateu.
Desconheço
Esses deuses
que vão dormir por muito trabalhar no mar das sombras.
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