sexta-feira, 11 de novembro de 2016


NÃO SEI DE NADA

Em vez do branco do papel,
Começo pelo preto
Da caneta. Chegar aonde?
No branco e no preto.
No branco da palavra e no preto da noite escura.
No inferno.
Onde está, então, o além? A transcendência?
Nas asas de quais pássaros?
De que galho destruído por um ônibus
Ou por mim mesmo que,
Brigando por uma sombra,
Acendi outra e mais outra labareda?
O cigarro de minha impotência:
A guimba e minhas lágrimas insanas.
Em vez de branco, que deuses não me deram lugar?
As angústias de dormir hoje,
Se, há muito, nem eram de ontem.
Sei como cuspir. O sol não me perguntou,
Não é o caso; o sol é pobre, a estrela só
Que descasca os ovos.
Que deixe então os pintinhos e as abóboras
Se espalharem pelos quintais quando o dia amanhece.
Se a vida é sagrada, sou ateu.
Desconheço
Esses deuses que vão dormir por muito trabalhar no mar das sombras.

Nenhum comentário: