O TEMPO DAS HORAS
Alguém olha o negrinho
E a mulher feia,
Olha mais: todas as revistas
Burras. Espertas.
Há uma hora, espera.
Pelo espelho, se vê
E não gosta do que vê.
É uma manhã de primavera.
Sonda o bolso, a carteira vazia
Está. Ensolarada.
Olha de novo e é inexcedível:
É um velho nessa manhã
Que não pede licença
E as outras que virão.
Essa abre o céu vazio
E pede que entrem
O negrinho e a mulher feia
Que o espelho não reflete.
Ambos nos braços da vida inteira.
Ele, há duas horas, está preso no
mesmo,
O velho espelho.
O velho espelho.
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