quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017


SOLITUDE

Há inesperados lugares repousantes. Um deles é um umbigo singular e plural, como ficam na frutificação das amoreiras. Dormir no umbigo de uma única amora é o melhor local, mudo e violeta, numa noite indefinível onde podemos habitar, antes do apodrecimento da fruta, antes do bico de um passarinho, um sono de formiga. Lá não somos amigos de ninguém, por falta de espaço. Basta a doçura daquele cobertor miúdo, constrito, restrito, onde não cabem telefones, chamados imprevistos e o vento repousa na sombra do chão tingido de nós mesmos.

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