sexta-feira, 28 de abril de 2017


A VIAGEM

Nada a dizer da roseira
Que brota no lago congelado.
Também a dizer nada
Sobre a carnificina universal.
Não me espanta que criem
Deus ou deuses, espíritos de quaisquer ordens
Diante do abismo ensolarado,
Chamado por alguém
"O Terror Sagrado".
Prefiro o silêncio ou a pena
Quebrada que mal escreve
Frente ao branco do papel,
A janela que se abre para mim,
Como espelho rachado na lixeira.
Prefiro amar o mistério, o desconhecido
Para seguir sempre adiante
E não congelar-me nos gessos religiosos
Ou doutrinários dos demiurgos de botequim.
Prefiro vagar, sem velas, no veleiro oceânico
E inútil das horas que passam;
Onde não me encontram
Nem me fazem perguntas;
À espera de que Ela,
De mim, faça pó e cinzas
Ou me ofereça aos vermes
Vorazes.

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