quarta-feira, 1 de novembro de 2017


17H, AINDA NO INFERNO

São Paulo tem as paisagens acústicas mais insuportáveis do planeta. Em meu edifício, como em tantos outros, alguém deve demolir internamente um apartamento. É durante o dia, você não pode reclamar, nem fazer nada no mesmo sentido. Impossível conversar com alguém, atender um telefonema ou ouvir uma reportagem radiofônica (meu caso) a 30cm do aparelho. Acrescente sirenes, polícia, ambulâncias, motocicletas e motores de vária natureza. Só a morte traz silêncio.

A máquina furadeira ou britadeira o deixa no chão, embaixo de qualquer móvel com os dedos nos ouvidos. Você tem que desaparecer para lugar nenhum. Direito a que, homem branco? Sua casa já não existe; você é sumariamente violentado. Ligue para a portaria e será tido como chato, porque estão todos surdos pelos fonezinhos de orelhas. Isto aqui é um desabafo inútil à frente de “assassinatos” ou violência da ordem alegada.


“Não faça nada até 17h” diz lá o zelador pelo interfone. É Lei do condomínio; enquanto engole sapos, até que vomite um dragão de sangue e fogo. Não tem poder, a cidade é santa, a ordem Humana está desmanchada e São Paulo é incontrolável, desgovernada e incontornável. Ir pra onde? Para o inferno da rua, e adoeça. “Qualidade de vida” é a p... Morte, morte e morte, o silêncio que esperamos no fim de tudo - ele nos tem de direito.

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