segunda-feira, 18 de outubro de 2010

EPITÁFIO ROUBADO
Quando me foi apontada uma pequena placa sobre o gramado, com o sobrenome da família, senti vontade de rir, e disse: "É o que estou vendo? A futura morada de meu esqueleto?" E me foi respondido: "É, mas, se me for permitida uma correção, de nossos esqueletos".
Estava diante do túmulo familiar, minha futura morada. Me pergunto: quantas pessoas já viram o próprio túmulo? Como, em novembro, inicio meu sexagésimo primeiro ano, adianto-me e escolho logo um epitáfio possível:
"Não há quase nada aqui, sob os epitáfios e as cruzes. Eu não estarei aqui. Estarão meus cabelos e minhas unhas, que não saberão que o resto está morto e continuarão crescendo e serão pó. Eu não estarei aqui, serei parte do olvido que é a tênue substância de que é feito o universo". J.L. Borges

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