terça-feira, 30 de agosto de 2016


SALTITANTE

Por hábito circular,
Oscila entre o rigoroso formal
Ou vice-versa e o moleque insano.
Quando se cansa da primeira máscara,
Salta para a segunda,
Que logo vai assustá-lo.
Retorna então ao cobertor da primeira.
A verdade é que se cansa de tudo:
De comer, de beber água ou outra coisa,
De dormir, de estar acordado, das pessoas,
Do sol, da sombra, até de ler e escrever.
Mas nunca de viver, de chupar caju, comer abacaxi
E melancia. Ele insiste.
Pensa que o sossego eterno pode até ser atraente.
Mas e se cansar-se de estar morto?
Cairá numa enrascada: o nada não negocia,
Por melhor que seja a lábia.
Por isso insiste.
Ele está quase certo, como todos nós,
Pobres mortais insanáveis.

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