Inteiramente sob meu domínio,
hesitava angustiado entre atirá-lo pela janela, para a morte, esganá-lo com
aquelas mãos ou conceder-lhe a misericórdia por que seus olhos miúdos clamavam
aflitos. Nunca vira nada igual: implacavelmente caçado, notava ali um
camundongo indefeso, negro, negro, de penugem tão brilhante, rara e bela. O
encanto de um, o pavor de outro. Sei agora que o sofrimento mútuo me fizera
dormir com o animalzinho submisso em mãos estranhas. Passou um tempo, deve ter
passado. Súbito, acordei de dupla forma: no sonho, de mãos vazias, feliz,
aliviado. Do sonho, quem sabe, livre deste mim para sempre. Mas... nada tão
perigoso.
sábado, 26 de novembro de 2016
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